JOGADORES ESTRANGEIROS NA FORMAÇÂO

Anónimo deixou um novo comentário :

Já que falamos de formação e o sr. parece-me uma pessoa informada, ponho em discussão outro tema:

Será benéfico para o nosso futebol o aumento exponencial de jogadores estrangeiros na formação e qual a factura a pagar nas nossas selecções jovens?

Este é um tema interessante, e sim, gostava de expor a minha opinião.

Antes de mais, explicar que este é um assunto que gostaria de separar do tema relacionado com os nossos filhos. ou seja, quero deixar bem claro, que não tenho o meu filho a jogar na esperança, na expectativa, no desejo de que venha a ser jogador de futebol! Jamais!
tenho o meu filho no futebol porque é um desporto que ele gosta, desde pequenino, e que tem muito prazer a praticá-lo.

Agora, passando para a outra dimensão, a dos futuros futebolistas (como se diz num dos textos em baixo assinalados, entra na 1ª Liga um miúdo da formação  por cada 20 mil miudos que andam nos clubes.... ou seja, é quase uma lotaria) este é um fenómeno curioso e um tema fascinante.

Fala-se muito em escolas formação, há às centenas pelo País... os grandes clubes orgulham-se das suas academias...  Mas quem manda nos clubes são os empresários... E o que interessa é dar dinheiro a ganhar a uma classe mafiosa que vive desses esquemas. Li há uns meses num jornal a explicação de um dito empresário.
O negócio é fácil e muito rentável. São poucas as condições:
- Basta conhecer algumas figuras dirigentes dos clubes
- ter o dinheiro suficiente para uma viagem ao Brasil...
- Estabelecer contactos no Brasil, que indiquem alguns nomes de possíveis talentos
- faz-se a viagem, faz-se uns vídeos, estabelece-se o contacto com os jogadores.
- Chega-se a Portugal e mostra-se os vídeos dos craques a dirigentes de clubes. São jogadores baratos e bons.  Faz-se o negócio, ganha-se a intermediação... gastou-se 3 mil euros na viagem e contactos, e ganha-se 20 mil euros na comissão...

Bem, é mais ou menos isto.
Depois temos a mafia mais organizada e sofisticada. São uns senhores empresários com uma ampla rede de contactos no futebol mundial.  E que andam a trocar jogadores de clube para clube... vão ganhando milhões nas comissões e enchem os clubes portugueses de chamadas «estrelas» já não desejadas nos clubes onde estavam...

E o que acontece aos 20 mil jovens que todos os anos terminam os escalões de juniores??? Desses 20 mil, haverá, no mínimo, uma centena de jogadores com grande potencial. Mas há algum clube, algum treinador que queira arriscar os júniores?  Nada...

É normal que o Benfica tenha centenas de miúdos escolhidos do melhor que há no País... e comece uma época e subiu apenas um junior??? O Miguel Victor! Que por sinal não o vemos jogar há largas semanas...

Afinal para que é essa formação?
E afinal porque é que tantos pais anseiam que os seus filhos dêem nas vistas para irem para os grandes clubes??? Para quê??? Para deslumbrarem e abandonarem os estudos?  Estaremos a criar uma geração de frustrados do futebol?

Daí que tudo o que se diz em baixo seja verdadeiramente valioso. Os miúdos devem aprender, divertir-se... e os resultados são apenas um extra... Eu também gosto de ganhar... mas não devemos colocar essa pressão nos miúdos: A mensagem deve ser apenas: Joguem bem e divirtam-se!

Se proporcionarem um belo jogo de futebol... e se divertirem... é o bastante! Não podemos pedir mais que isso!

Li em baixo uma referência que já vi em vários momentos.

Um dia, a equipa do meu filho vai jogar a Alfarim. Ganhamos lá 10 a 0! É um resultado avassalador que mostra a superioridade da nossa equipa.
No fim do jogo o nosso avançado chorava, chorava.... que raio. Não percebi e fui perguntar ao treinador. Que se passa com o miúdo??? Resposta pronta: «Então não vê o pai e o avô?? Os dois a pressionarem o miúdo. Que tem de marcar golos. Que tem de marcar! Num jogão como este, em que dominámos, o miúdo chora porque não marcou nenhum golo... e não sabe como encarar o pai e avô... é triste...»

Por isso o miúdo tentava fazer tudo sozinho... fugia com a bola e só via a baliza. era doentio...  Porque ali a mensagem em casa era só uma: «Tens de marcar golos. És avançado. tens de marcar. Não passes a bola, foge para a baliza»...   é triste... Um miúdo a sofrer a doideira dos pais...

Como se o facto de um miúdo marcar golos fosse condição para ganhar visibilidade  e ser chamado a um  grande. Não é assim que funciona! E é extremamente injusto para o miúdo! Tanta pressão sobre si...





JPF.